MARCIO DAMASCENO
De Berlim para a BBC Brasil
O projeto "Body Worlds" (mundos dos corpos), do anatomista alemão Gunther von Hagens, que vinha provocando polêmica em vários países por causa do uso de cadáveres na concepção de obras de arte, abre nesta quinta-feira uma exposição em Berlim que reproduz uma cena de sexo."Nossa exposição se chama 'O Ciclo da Vida', e nela mostramos tudo, desde a concepção até a morte", justifica Von Hagens. "Morte e sexo são temas tabus. Eu coloco os dois juntos. A morte faz parte da vida, e sem sexo a vida não existe."
Segundo ele, as pessoas cujos cadáveres foram utilizados na obra jamais se conheceram quando vivas, tendo sido unidas uma à outra postumamente. No processo de conservação desenvolvido por Von Hagens, conhecido como "plastinação", os cadáveres são tratados com cerca de 200 quilos de silicone, durante um complicado procedimento que levou mais de quatro mil horas para ser concluído.
Gunther von Hagens garante que os doadores permitiram por escrito que seus corpos fossem expostos simulando um ato sexual. O homem teria morrido aos 51 anos de câncer pulmonar, e a mulher, aos 58 anos."Nos formulários de doação, dois terços dos homens e um terço das mulheres se concordaram que seus corpos fossem usados para representação de um ato sexual."
Pornografia
Acusado por alguns de romper códigos éticos ao lucrar com corpos humanos em exposições comerciais, o médico alemão rebate agora críticas de que estaria promovendo a pornografia, afirmando que suas exposições têm um lado educativo. "Elas ensinam os visitantes mais do que qualquer aula de biologia e revolucionam o aprendizado da anatomia. Ela não tem nada a ver com pornografia, não se presta a estimular ninguém sexualmente", defende.
Na técnica da plastinação, inventada por Hagens nos anos 70, os líquidos dos tecidos corporais são extraídos e substituídos por uma substância plástica especial.
A Igreja Católica tem sido uma das maiores críticas das exposições promovidas pelo médico, que já passaram por diversos países.
O "Doutor Morte", como foi apelidado pela imprensa alemã, traz a Berlim seu "Body Worlds" oito anos depois da última apresentação na cidade. Na época, a exposição atraiu mais de 1,3 milhões de visitantes. Em Heidelberg, onde "O Ciclo da Vida" esteve por quatro meses até o fim de abril, 300 mil pessoas visitaram a exibição.
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