domingo, 7 de agosto de 2011
As linhas de Gabriel Moreno
Gabriel Moreno (1973) descreve-se como criativo, teimoso, apaixonado, exigente e doido. Numa folha, numa fachada, ou mesmo na pele, podem nascer rostos, flores e pássaros que, de forma orgânica, se sobrepõem e expandem para além das ondulantes linhas, ganhando vida própria fora das ilustrações.
A beleza - em todas as suas formas - é a sua maior paixão e inspiração: é a beleza das pequenas coisas que o move a pensar, sentir e fazer o que faz. Apesar da sua formação, diz-se um auto-didacta.
O espanhol Gabriel Moreno lembra-se de ter sentido, desde sempre, paixão pelas linhas, pela luz e pelos lápis, e recorda que um dos dias mais felizes da sua vida foi quando descobriu que podia estudar Belas Artes, em Sevilha, e passar o dia inteiro a desenhar, sem ser expulso das aulas por isso.
Em 2007, fez chegar a algumas agências de publicidade o seu portfolio como ilustrador. Nesse mesmo mês, a revista Computer Arts apresentava-o como um dos 20 novos talentos da ilustração. Um ano depois, tinha já trabalhado em importantes campanhas de algumas das maiores agências de publicidade do mundo, como a BBDO e a Young & Rubricam.
Apreciador confesso do expressionismo – movimento para o qual a obra de arte é reflexo directo do mundo interior do artista – assume-se, também, um admirador de Egon Schiele, do uso da cor e das linhas de Robert Motherwell e do talento de ilustradores como Berto Martinez, Hope Gangloff ou Eva Solano.
Assim que começa a desenhar, nada é definitivo e é sempre aberto a mudanças. Gosta de trabalhar grandes formatos, ainda que o produto final tenha fins editorais. Fascina-o a ideia de que qualquer uma das suas ilustrações pode ser impressa numa revista, ou ir parar a um enorme cartaz, sem perder nenhum dos seus detalhes.
O seu trabalho pode começar numa simples premissa: um gesto, a forma de uma boca, algo que o desperta na rua, ou o simples cruzar de pernas da sua mulher. A partir daí, a sensualidade e expressividade das linhas misturam-se, fundem-se em intersecções, dando origem a uma nova figura, e depois outra, um homem, uma mulher, um pássaro, um pássaro-homem: as possibilidades são ilimitadas e imprevisíveis. A essência e detalhes das suas obras poderão escapar ao olhar mais desatento: há que saboreá-las, demoradamente, com olhos de ver.
Não pretende parar por aqui: nos seus planos estão a escultura, a moda, a animação e as curtas-metragens. “Criar é a minha vida e por isso é tão fácil, para mim, colocar o meu coração no que faço” – confessa. A todos aqueles que aspiram ser artistas, deixa um conselho: “Tudo é possível”.
por Marisa Antunes
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