sábado, 4 de abril de 2009

diego fagundes da silva

"- Você está passeando e eu também, Tudo é inútil e as árvores desta rua parecem ser de vidro.
E ela respondeu:
- Vamos a um baile? Vamos dançar? Vamos viver? Vamos espantar a tristeza que sentimos e que me faz ficar com cara de estátua de cera? Vamos espantar o fúnebre?
E eu respondi com nojo dela:
- Você tem medo da tragédia misturada ao nada. E saiba que isto é a única coisa que existe: a tragédia misturada ao nada.
Ela revirou os olhos e fingiu-se de enfastiada. Mas ela sabia que não adiantava fingir mas continuava a fingir. Não quero mais discutir com ela. Não quero mais discutir com ninguém porque é inútil um entendimento. Além de ser impossível o entendimento é inútil. Ela olhou para mim e com aqueles lábios grossos que cheiram a sexo ela disse:
Você é o deus da chuva e da morte. Só fala nisso. Eu não sou mais tua."

(DEUS DA CHUVA E DA MORTE - Jorge Mautner 1962)

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