domingo, 8 de novembro de 2009

'Cartas a Theo', de Van Gogh

 
 

 

É fato conhecido que Vincent Van Gogh viveu boa parte da sua vida - a artística - sob condições adversas, dos bens de seu irmão Theo. Também, por ser costume da época, mandou diversas cartas. Vincent não é um literato puro, mas deixou nessas cartas uma vastidão de sabedoria e beleza em versos fortes e singelos.

http://www.vangoghletters.org/vg/bookedition.html



Janeiro de 1882

"Mas você pode estar certo, Théo, que quando fui pela primeira vez à casa de Mauve com meu desenho feito a pena e que Mauve me disse: - Você deveria tentar trabalhar com carvão, com pastel, com pincel e com esfuminho – Eu tive tremendas dificuldades para trabalhar com este material novo. Fui paciente e isto não parecia me ajudar em nada, então às vezes perdia a paciência a ponto de pisotear meu carvão e perder toda a coragem."


Abril de 1882


uma coisa admirável olhar um objeto e acha-lo belo, pensar nele, retê-lo, e dizer em seguida: Vou desenha-lo, e trabalhar então até que ele esteja reproduzido. Naturalmente, contudo, esta não é uma razão para que eu me sinta satisfeito com minha obra a ponto de acreditar que não precisaria melhora-la. Mas o caminho para fazer melhor mais tarde é fazer hoje tão bem quanto possível, e então naturalmente haverá progresso amanhã."



Novembro de 1885 – Fevereiro de 1886

"Com tudo prefiro pintar os olhos dos homens, mas que as catedrais, pois nos olhos há algo que nas catedrais não há, mesmo que elas sejam majestosas e se imponham, a alma de um homem, mesmo que seja um pobre mendigo ou uma prostituta, é mais interessante a meus olhos."

(...)

"Já desenhei duas tardes lá, e devo dizer que acredito que, justamente para fazer figuras de camponeses, é muito bom desenhar à antiga, sob a condição, com tudo, de que não se faça como de hábito. Os desenhos que vejo, na verdade acho-os todos fatalmente ruins e radicalmente fracassados. E sei muito bem que os meus são totalmente diferentes: O tempo dirá quem está certo."



Verão de 1887

"E me ocorre sentir-me já velho e fracassado e com tudo ainda suficientemente apaixonado para não ser um entusiasta da pintura. Para ter sucesso é preciso ambição, e a ambição me parece absurda. Não sei o que será, gostaria especialmente de viver menos as suas custas – e doravante isto não é impossível -, pois espero fazer progressos de forma que você possa, sem hesitações, mostrar o que faço sem se comprometer."


Outubro de 1888


"Sinto em mim a necessidade de produzir até estar moralmente esmagado e fisicamente esvaziado, justamente porque não tenho nenhum outro meio de chegar a participar das despesas."



Julho de 1890

"Pois bem em meu próprio trabalho arrisco a vida e nele minha razão arruinou-se em parte."
 
 
 


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