sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Taccola, inspiração de Da Vinci


Mariano di Jacopo detto il Taccola, conhecido simplesmente como Taccola, nasceu na cidade de Siena em 1382. Sua data de nascimento não pode ser interpretada simplesmente como um número, pois um movimento definitivo para o rumo da humanidade surgia aproximadamente nesta época: o Renascimento.
Apesar de não haver datas definidas de começo e término do Renascimento, estima-se que começou entre fins do século XIII e terminou em meados do século XVII. Pôs fim à Idade Média e abriu caminho à Idade Moderna. A cidade de Florença, mas depois também Pisa e Siena, foram pólos políticos, econômicos e culturais que dinamizaram a fase pioneira do movimento.

Sendo um movimento que buscava resgatar os valores humanísticos e antropocêntricos enraizados na antiguidade clássica, o Renascimento estendia-se a inúmeras esferas, incluindo a arte, a filosofia e a ciência. Taccola foi um dos precursores do movimento na esfera científica, especialmente na engenharia.
Não existem informações sobre os primeiros anos de sua vida ou seus métodos de aprendizado. Como adulto, sabe-se que foi tabelião, secretário da universidade, escultor, superintendente de estradas e engenheiro hidráulico. Assim como Da Vinci, ele era um inventor polivalente.
Taccola deixou dois tratados que alcançaram o patamar de verdadeiro legado científico. O primeiro é De ingeneis, sobre motores, iniciado em 1419 e finalizado em 1433, no montante de quatro livros. Taccola continuou alterando desenhos e otimizando seu conteúdo até cerca de 1449, um trabalho que acompanhou toda sua vida. Por fim, publicou seu segundo manuscrito: De machinis, sobre as máquinas, no qual ele reafirmou dispositivos do processo de desenvolvimento que tinha apresentado ao longo do seu primeiro tratado. 

Seus livros apresentam infinidades de dispositivos engenhosos utilmente ilustrados com desenhos feitos pelo próprio punho para elucidar com mais eficácia sua funcionabilidade. As invenções abrangiam técnicas hidráulicas de moagem, construção e até mesmo guerra, sendo que sua mais conhecida invenção foi a catapulta com dispositivos hidráulicos.

Os livros de Taccola, além de todo pioneirismo engenhoso, possuiam um toque de fantasia que tornaram seu trabalho especial. Imagine traços firmes, representações de ângulos e forças gravitacionais, em suma, o retrato fiel da funcionabilidade de sua invenção. Agora imagine que para representar o função do vento em sua invenção, havia um rosto no canto da página a soprar. E se a invenção estivesse sobre a água, Taccola desenharia belos peixes. Se estivesse sobre a terra, haveria pássaros no céu a voar. E também unicórnios, cavaleiros - Taccola povoava suas invenções de elementos fantásticos, como se elas próprias não fossem criativas o suficiente, ou talvez para aliviar a seriedade de seu trabalho. Sua mente unia num único desenho tanto sua visão de engenheiro metódico e funcional, como seus traços de desenhista despreocupado rabiscando no papel.

Em sua época, Taccola era influente na sociedade, sendo aclamado como o "Arquimedes de Siena". Sua data de falecimento coincide com a de nascimento de Da Vinci, o que indica a possibilidade de o popular inventor ter conhecido seu trabalho.

O suposto rótulo de "inspirador de Da Vinci" se deve à diversidade de suas invenções e ao recurso à tecnologia (através da engenharia) em suas obras, algo que Da Vinci conseguiu potencializar. Possivelmente, Leonardo serviu-se dos tratados de Taccola.

Outro fato curioso que explana bem a relação de inspiração entre ambos é o famoso "Homem Vitruviano" de Da Vinci, que sintetiza todo o ideário renascentista, humanista e clássico. Taccola, muito antes, tinha criado o "Homem Vitruviano", que, apesar duma estética modesta, tinha a mesma ideologia explanada por Da Vinci. Porém, se quisermos tocar neste delicado ponto de autoria sobre o Homem Vitruviano, é necessário falar de Vitrúvio Polião, o real inventor do mesmo. Foi Vitrúvio que estabeleceu as idéias de proporção e simetria aplicadas à anatomia humana, e possivelmente, alguém ou algo também o inspirou, bem como a Taccola.

Como diria o químico Lavoisier séculos mais tarde: "Na natureza nada se cria, tudo se transforma". Impreterivelmente, não somente na natureza


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